Um mercado de R$ 107 trilhões
Acordo entre Mercosul e União Europeia une 780 milhões de consumidores
As oportunidades e desafios para as empresas brasileiras - em especial para as gaúchas e para as do Vale do Sinos - com o acordo firmando entre Mercosul e União Europeia foram pauta em evento realizado ontem, dia 20, dentro da feira Fimec 20225. O Painel: Oportunidades de Negócios entre Mercosul e União Europeia, iniciativa promovida pela Câmara Brasil-Alemanha e pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV/DI), reuniu especialistas e representantes do setor empresarial.
Solange Neves, diretora da Câmara Brasil-Alemanha e integrante do Comitê Jurídico da ACI; Sheila Bonne, vice-presidente do Comitê de Internacionalização da ACI; Cleomar Prunzel, presidente da Câmara Brasil-Alemanha; e Izabela Lehn, vice-presidente Jurídica da ACI compuseram a bancada presencial do painel. Já o advogado Thomas Scatena Rahn participou de forma online, direto da Alemanha.
Rahn lembrou que o acordo assinado em 2019 consumiu mais de 20 anos de negociações e está em vias de ser referendado pela maioria das nações que compõem os dois blocos.
"Para as empresas brasileiras, trata-se de acesso expandido para um mercado de mais de 500 milhões de consumidores, com alta renda per capita", destaca. Ele lembrou que haverá redução drástica de tarifas e impulso nos investimentos diretos de países europeus. "Indiretamente, deverá haver um aumento de qualidade e de competitividade dos produtos brasileiros, que precisarão se adequar as rigorosas normas e regulamentos de qualidade e segurança europeus", complementa.
Para ele, os produtos mais beneficiados do Brasil serão carnes, frutas, café, máquinas e equipamentos. Na avaliação do advogado, o acordo representa uma importante ferramenta para crescimento das empresas, que requer preparação, planejamento estratégico e busca por informações essenciais. "É preciso engajamento e busca por conhecimento para concretizar um futuro de prosperidade e crescimento mútuo", conclui.
Prunzel reafirmou que o principal objetivo do acordo é o de promover o comércio e os investimentos entre os dois blocos, criando uma das maiores zonas de livre comércio do mundo. Conforme o presidente a Câmara Brasil-Alemanha, entre os impactos esperados estão o potencial aumento de 0,5% do PIB, aproximadamente US$ 10 bilhões, e também de 1,5% de investimentos no Brasil. "A projeção é de ganho acumulado para o Brasil de US$ 12 bilhões, até 2040, sendo a exportação aumentada em 11% entre os blocos", detalha.
Os setores mais afetados nos países, prossegue, serão automobilístico, químico & farmacêutica, máquinas & equipamentos, tecnológico, agrícola e energético. No Vale do Sinos, destaque para o segmento calçadista que representa mais de US$ 160 milhões em exportações para o Velho Continente. 'Nossos maiores desafios serão a concorrência dos produtos europeus, a inovação e o custo da produção. Para combater isso, devemos investir em inovação e tecnologia, na diversificação de produtos, na capacitação o e treinamento, no marketing e branding e nas parcerias estratégicas" conclui.
Sheila Bonne lembrou que o acordo gerará muitas oportunidades especificamente para empresas de médio e pequeno portes, pois as grandes companhias nem sempre se interessam por pedidos menores e pequenas demandas. "E para aproveitar esse cenário futuro, é preciso estar informado. Nosso Comitê de Internacionalização tem esse compromisso de trazer conteúdo de qualidade e atual", finaliza.
Sérgio Vital Moreira — especialista no mercado português e filho do professor Vital, um dos participantes da elaboração do acordo — enviou um vídeo falando do tema e que será compartilhado entre os associados da ACI.